sábado, 26 de janeiro de 2008

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Cap. 37 Luminárias

No jardim secreto as luminárias chinesas fazem perder a noção de tempo e espaço. Lá não há sombras. Revejo a cena, a artista dos objetos desenha seus mil rascunhos. O que poderia ser? Quem sabe um coração artificial que seja útil para redescobrir o amor e o ódio. Quem sabe uma máquina de pensar. Quem sabe um gravador de sonhos.

 

Um coração arificial talvez eliminasse a paranoia, o medo do medo. A máquina de pensar talvez nos impedisse de reescrever páginas em branco quando tudo que temos é um falso fim. O gravador de sonhos talvez criasse um novo culto, substituindo a nossa adoração inconsciente à morte. Com tais máquinas, a realidade seria onirica. As uvas já seriam fermentadas, as nuvens seriam de algodão, as meninas olhariam para rapazes como eu.

 

Estou olhando as pessoas atavés de um prisma. Elas estão quebradas, estranhas e infinatamente mais interessantes. Parecem leves como seda. É quase possivel visualizar a alma. Mas o diálogo que se prossegue é o mesmo de sempre, com suas banalidades, desimportâncias. A repetição é retundante. Sem distrações todos são desinteressantes, já que a artista é muda e feia.

 

A decepção faz querer parar de respirar. Quase não se respira quando se tenta não respirar. Não, não é tentativa de morte. Poucos sabem, mas é impossível morrer simplismente tentando não mais respirar. O desmaio que talvez se suceda talvez nos traga de volta a realidade onírica para distribuir pílulas com questões filosóficas.

 

Na primeira pílula estaria escrito: "Na terra dos porcos voadores, o contrário da vida não é a morte, é sim, o perder-se. Sonhar e não se lembrar. Cultivar sombras."